Moradores protestam contra derrubada de 6 mil árvores no Instituto Butantan para ampliação de fábrica de vacinas em SP
24/05/2025
(Foto: Reprodução) A expansão das áreas do Butantan foi detalhada no projeto do Plano Diretor do instituto, aprovado em 2021 e enviado ao Ministério Público. Fundação Butantan diz que fará o plantio de mais de 9 mil mudas como compensação ambiental. Moradores vizinhos do Instituto Butantan fazem caminhada para chamar a atenção contra corte de 6.000 árvores
Moradores da região do Butantã, Zona Oeste de São Paulo, fizeram uma caminhada neste sábado (24) para protestar contra a derrubada de árvores dentro do Instituto Butantan. O instituto pretende construir um complexo de fábricas de vacinas no local.
O terreno do Instituto Butantan abriga remanescentes de Mata Atlântica, com espécies nativas como a palmeira jerivá, o cedro-rosa e bromélias. Também há árvores exóticas na área, como o eucalipto australiano.
Toda essa massa verde faz parte de um grande corredor ecológico que beneficia a fauna de São Paulo e ajuda a amenizar o clima na região. Os moradores temem que esse patrimônio ambiental se perca.
“Não existe necessidade para essa derrubada, nem mesmo pensando em uma possível ampliação mais tarde”, disse Élio Bueno de Camargo, um dos manifestantes.
Moradores protestam contra derrubada de árvores no Instituto Butantan, em São Paulo
Reprodução/TV Globo
A expansão das áreas do Butantan foi detalhada no projeto do Plano Diretor do instituto, aprovado em 2021 e enviado ao Ministério Público. De acordo com o documento, mais de 6.600 árvores devem ser derrubadas.
O plano aponta quatro áreas onde as árvores devem ser removidas. Em uma delas, a derrubada será para a construção de um restaurante. Outra será destinada à criação de uma central de medicamentos e insumos.
Também há previsão de expansão do setor que cuida dos animais usados em pesquisas científicas. A maior parte das árvores — quase 3 mil — será retirada da principal área industrial.
O documento informa ainda que, após as obras, a vegetação remanescente do Instituto Butantan corresponderá a 43% da área total do complexo. Hoje, ela representa 50%.
Complexo industrial do Instituto Butantan
Reprodução/TV Globo
Para compensar, a Fundação Butantan propõe o plantio de 9.260 mudas dentro do próprio complexo. A ideia é reduzir o espaço ocupado pelas árvores, mas aumentar a quantidade de indivíduos na área verde que restar.
“O Instituto Butantan tem uma fazenda em Araçariguama, a fazenda São Joaquim, muito maior. A gente tem pedido muito que eles façam lá”, afirmou Matha Pimenta, uma das participantes do protesto.
Um estudo do próprio Instituto Butantan, divulgado este ano, aponta a presença de diversas espécies de aves, além de 20 espécies de répteis e anfíbios na área.
Ambientalistas explicam que a mata do complexo faz parte de um corredor ecológico que inclui a área arborizada da Raposo Tavares, o Parque Jequitibá (na divisa com Cotia e Osasco), o Parque Cemucam e, mais adiante, a Reserva Florestal do Morro Grande. As espécies circulam por todo esse corredor.
“Essa mata não pode desaparecer. Esse santuário verde está sendo arrasado.Não podemos destruir ainda mais o verde na cidade de São Paulo”, afirmou Marcos Mazzari durante o protesto.
A TV Globo pediu entrevista com um representante do Instituto Butantan, que preferiu enviar uma nota em que diz que o projeto do plano diretor é de longo prazo, com implantação em 20 anos, sempre com compensações antecipadas, e que 60% das árvores que podem ser cortadas são de espécies invasoras
O Instituto diz ainda que o projeto inclui o plantio de mais de 9.000 novas árvores de espécies nativas e destacou que tem papel central na produção de vacinas, soros e na pesquisa científica brasileira.
Moradores protestam contra derrubada de árvores no Instituto Butantan, em São Paulo
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